segunda-feira, julho 10, 2006

TEMPO

* (CRÔNICA)
INGRID GUERRA

Tempo para mim sempre teve uma conotação particular. Desde os meus 16 ou 17 anos corro atrás dele. É estranho falar isso, mas, com essa idade já me sentia uma velha. Esse sentimento não era vão. eu era, realmente, a mais velha da turma. Não obstante a diferença etária era aceitabilíssima, um ou dois anos no máximo. O problema é que para mim essa disparidade era absurda. Corria atrás do tempo sem nunca alcançá-lo.
Pensava... Estou perdendo tempo, eu preciso tomar decisões, as pessoas mais jovens já descobriram seu rumo. Meu Deus, o que eu vou fazer? O que eu vou ser? Que futuro eu vou ter?
Eu estou velha demais pra tantas coisas! Eu preciso de mais tempo... tempo, tempo, tempo. O tempo corre, os minutos passam, as horas voam, o ano acabou. Meu Deus, o que fiz do meu tempo? Meu tempo passou? Será que terei tempo para tudo? É tarde demais, preciso me organizar. O prazo acabou, quero que o tempo não passe.
Olho o relógio, ouço o tic-tac... não vou conseguir, o dia nasceu, a hora passou, o prazo encerrou. Eu quero mais tempo. Tempooooooo!
Preciso de tempo. Estou velha demais. Não tenho tempo a desperdiçar. Vinte e um, vinte dois, vinte três... Nãoooo! Pára! Eu preciso de tempo, preciso crescer, preciso aprender, preciso amadurecer, preciso me encontrar e encontrar o prazer de viver.
Eu preciso de tempo, tempo para ler, para refletir, para entender, para descomplicar, para amar, para me divertir, para sair, para curtir. Mas o tempo não pára, o tempo só passa. O tempo não me espera chegar. E eu preciso tanto alcançar o meu tempo. Deixar o passado, esquecer o porvir, e viver o presente que o tempo me reservou.


* Escrita em 2005

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