segunda-feira, junho 26, 2006

A idade da razão (na “sala’da” comunicação)

* (CRÔNICA)
INGRID GUERRA


Na batalha diária pelo canudo da graduação, não há tempo para compreensão. É cada um por si e, de preferência, todos os simpatizantes que puder angariar, por mim, lógico! Não há espaço para traumas de infância, nem falta de interesse em determinado assunto. Se o mercado de trabalho vai te devorar no futuro, aprenda: na faculdade você já faz o test-drive de petisco.
Os ingredientes deste acepipe não são muito variados. Sustentado por uma massa de “sapitchos” – engolidos no decorrer do curso – esta iguaria é salpicada por egos inflados e desprezo arraigado no âmago dos supra-sumo-do-nasci-sabendo (ou sua variação colegas-a-razão-é-minha-e-fim-de-papo).
Questionamentos não são aceitos, nem palpites podem ser empregados à receita. O trabalho é deles e ou se faz o que o cidadão propõe, ou nada feito (assim eu não brinco mais, bobão!). Afinal, corre-se o risco do quitute desandar. Não obstante, a refeição é longa e farta.
Se o estômago suportar, você ainda terá o privilégio de compartilhar a mesa com aquele maravilhoso rocambole-eu-sou-gostosa-e-esperta-abaixo-de-mim-todos, que com prazer apresentará seus predicados ao menor contato (e você achou que se livraria dela saindo da “carta” francesa, né?! Acalme-se, só um semestre para ela virar foca-enlatada).
Tão saboroso quanto cuspe de vaca, esse rocambole é como aquele famoso peixe, dependendo do corte é mortal. Muito cuidado nesta hora!
Passado o merengue (ou seria, perrengue?), chegamos à rapadura – que, como todos sabem: é doce, mas não é mole, não -. Não obstante, após tantos avanços da ciência, ela também foi adulterada para nosso festim. Com uma pequena acidez propícia a companheiros-amigos-que-nem-sempre-se-acertam ela tende, agora, a deixar o paladar um pouco amargo, mas, só até o momento de deslizar pela língua. Após a ingestão, um surpreendente e delicioso sabor-de-quero-mais nos toma por completo. A partir de então, e ao final da entrada, estaremos prontos para virar o prato principal.

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